Na soleira da minha casa caiu um pingo.
Um pingo de chuva que passou.
Que foi tudo aquilo que passou,
E agora é pingo.
Só pingo.
Tudo ali naquela gotinha...
O temporal é tal qual choro,
Choro de uma só lágrima,
Que vem do alto,
Que cai do olho,
Que desce em mim,
Que escorre por entre os dedos,
E molha.
Por cada curva que passa espalha,
Um pouco de si, migalhas...
Moléculas e histórias de nuvens cheias,
De dias e noites...
Que deitam no espaço vasto que as rodeiam,
E em contato com a aura doce do lar que não retornam,
Soltam, rolam, acontecem...
Na beira do caos que se dispersa,
O que era mar agora é rio,
O que era rio agora é poça,
O que era mil, pouca,
Da chuva a gota,
Que cai na minha soleira,
E espalha...
E que já não é mais
Nem chuva,
Nem pingo,
Nem nada.
Belo poema, João, delicado e sutil.
ResponderExcluiruau! gostei MUITO desse.
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